sexta-feira, 13 de julho de 2012

Letras de Memories from Southern Forests and Stars




            Memories from Southern Forests and Stars é um álbum diferente em sonoridade se comparado ao primeiro, há de se dizer que não tem relação alguma, mas é intencional. É um trabalho de experimentação sonora abordando uma temática semelhante; é menos cinzento e mais rico em cores de alvorada. Não tem nenhuma pretensão como raw black metal ou qualquer coisa do gênero, só busca o próprio caminho e diferentes formas de manifestações. Como no anterior trabalho, as gravações são feitas de modo rudimentar, não pretende-se que a técnica seja empecilho.

I
Sobre as manhãs e bosques de nostalgia
Uma introdução instrumental que anuncia um espírito um tanto nostálgico, matutino, relembrando os dias de infância. Há na infância um ar etéreo, um idioma não pronunciado que nos remete ao espírito.
Melodias suaves enquanto raios de sol invadem os espaços livres da floresta. Uma mente que vive ainda pelos seus próprios impulsos e imagens interiores não é condicionada pelo ambiente exterior, o transforma segundo sua própria mágica pura e recordação do desconhecido.

II
Brisas do Sul
Depois daquele alento nostálgico da infância, um outro momento. Anos se passam e as vozes da infância, aquelas que foram caladas pelo transcorrer do tempo sussurram; são palavras que voam ao prazer do vento. O velho córrego, a brisa, aquele momento, uma sincronia propicia um fenômeno anormal. É tempo de ouvir aquilo que os velhos espíritos dessas terras têm para nos confidenciar.

Aos poucos a névoa some, a brisa toma seu lugar.
O céu está claro, o sol no auge.
A correnteza leva o meu pedido,
Alvitra o rubro sangue.

Variações de espírito,
ao sopro do vento.
Flutuações da alma
na medida do alento.
Sussurros dos espíritos caídos, desde o polo,
nas brisas do sul.
Ao ouvido do aprisionado,
sussurram as verdades eternas.

III
Misantropia Suburbana
A neblina avermelhada desce na madrugada, um ar melancólico paira sobre a cidade e os passos servem de combustível ao devaneio.

Onde cheguei?
Nos lamentos da vida?
No impulso suicida?
Na solidão da madrugada?
Na paciência da luz que fica lá, acesa...

Iluminando a rua dormente que ninguém acompanha.
Caminho sentindo a garoa da madrugada enquanto me questiono:
"por que estou aqui?"
"O que deixo para trás?"
A vida suburbana em constante decadência.
O mundo moderno, seus absurdos, suas fraquezas.

IV
Last Autumn's wail
Algo que surgiu muito espontaneamente.

Enquanto eu caminho
em total desolação
sobre as pétalas douradas
dos passos esquecidos
de quem já amou

Os sopros e as vozes
da morte de meu ser
perseguem minha sombra
e destroçam memórias.
I walk alone.

Nessa dor, (...)
O canto, o lamento,
que destruam o meu ser.

V
A Noite de Wotan
Renascimento do ser pagão em meio as florestas austrais, em outro contexto temporal e geográfico, mudando a forma mas não a essência desta mente e de sua percepção. Um hino para aqueles que permanecem em pé entre ruínas, aos meus amigos e camaradas do Sul do mundo. O Coração Negro, bem se vê, é a própria floresta; lar dos nossos primitivos medos e impulsos, assim como do ritual e do primordial.
Há aqueles que, presos na comodidade do mundo contemporâneo, prezam por essa forma de ascese que a natureza possibilita; procuram respostas no sentimento misantrópico e no passo da floresta, no farfalhar das árvores e no som do córrego. Nossas florestas têm, desde que habitamos essas terras, revelado um aspecto mágico e inspirador de um imaginar belicoso. Que nossos antepassados estejam presentes, conosco, nessas novas incursões no tempo e na distância.

Sombras projetadas na floresta
ao pé de majestosas araucárias;
estandarte de outros combates ainda mantidos.

Antevisões que nos confrontam
a cada passo que adentra na escuridão.
Na escuridão do coração negro de Wotan!
No coração negro de Wotan!

A misantropia aqui, ainda reina.

VI
Aurora Austral
Sob o Cruzeiro do Sul, o iniciado contempla a infinitude de si mesmo e compreende a sua missão transcendente. Recordação dos feitos passados que estão incrustados no chão da alma, uma direção e um sentido de história que se justificam pela pureza do sangue astral e se garantem pela força das muralhas que se constroem desde as estrelas. Cai o dia na montanha e o céu se torna rubro.

Sob o firmamento,manto estrelado
Me elevo ao infinito
Trago na memória crepúsculos e auroras
E um juramento que perdura até o fim
Combater no Wyrd - passado e porvir!
Vigilantes de la aurora!

Estrelas, revelem-me o segredo
O olhar gélido que transmuta o ser
O mistério que reside junto ao sangue..
Na imensidão astral, vou até vocês,
desvelar do cosmos, inversão de si.
Transgredir!

VII
And he was embraced by Nostalgy
Um espírito que relembra, age; o segredo das grandes transformações alquímicas se encontra na própria memória, no alvitrar da Minne eterna, na língua dos pássaros. E há um enigma dentro do labirinto do sentimento nostálgico, ao ocorrer o fenômeno nostálgico interiormente após um impulso exterior há um trabalho mágico a ser feito, como o montar de um quebra-cabeça ou localizar a saída de um labirinto contra o tempo que é ditado pela duração do mesmo sentimento. Quando se logra o sucesso nessa tentativa, o que é muito difícil, torna-se verdadeiramente desperto do sono do mundo.

A child playing at times of inocence,
dreams so pure, mind so clean
All is true, I just believe.
Great promisses: sorrows and deeds.

Golden age, white dreams.
Pale hands, sweet breeze.
Wait for the sunset,
and then the nightfall.

A new day, a greater morning,
arise of a new man.
I'm again among the pieces...
the pieces of my childhood.

I'm falling back into fields of nostalgy

The first ancestor,
sitted by the well.
Oh, green ray of nostalgy!
Lead me home!
I'm dying!
I'm Breathless...
I'm blind.
I can see the runes.
Othal Sig and Týr!

VIII
Lucifer over the West
Todo o espírito dessa música cabe na seguinte frase de Aleksandr Dugin:
"É o retorno dos anjos, a ressurreição dos heróis, a revolta do coração contra a ditadura da razão""
Há uma certa tensão no transcorrer da música, como se fosse um momento dificultoso que se resolve com um certo alívio e desfecho no mudar de acordes.

Today the sky is filled up with angels
Tonight we'll see the fire of our mind

We can see the troops arriving from the heavens
Comrades(k), it's the day of our lifes!

Don't you see, the old flag is waving?
It's time for revenge!

Angels made of stone and steel,
faces of coldness in the sky

Join us for this feast
Tonight we'll drink from Minne

IX
Flüstern (O sussurro das estrelas)
As estrelas são um mistério-para-o-homem, nelas estão plasmados todos os mitos do nosso mundo, como colunas invisíveis que se levantam acima da alma da Terra e das quais apenas se vê um ponto externo, o qual afirma o mistério sobre nós. Mitos da eterna hyperborea sussurram os segredos das verdades eternas aos ouvidos de poucos. Em uma noite nublada, de nuvens rubras, de garoa caindo sobre as árvores da floresta, algumas estrelas surgem em meio ao céu, com um brilho azulado, estáticas a dançar
no espírito de quem se encontra sob o céu vermelho desse momento eterno.

Brilham, no firmamento, os segredos e mistérios da humanidade.
As esperanças desse mundo e sua destruição.
Cruzeiro do Sul, Aldebaran, Vega, imaterialização.
Atrás delas, a origem.
A Origem.
A Origem...

X
Lo and behold (bonus)
O poema declamado faz parte do livro "Might is Right" de Ragnar Redbeard e é inspirado na arte de Boyd Rice, como uma homenagem ao estilo do mesmo. Eis uma declaração de vontade e superação do mundo e do tipo humano vigente. A música é calma, e a voz também, é lenta, pausada, demonstrando um sentimento de superioridade e superação verdadeira das coisas.

No hoary falsehood shall be a truth to me - no cult or dogma shall encramp my pen.
I break away from all conventions. Alone, untrammelled, I raise up in stern invasion the standard of the strong.
I gaze into the glassy eye of your fearsome Jehovah and pluck him by the beard - I uplift a broad axe and split open his worm-eaten skull.
I blast out the ghastly contents of philosophically whited sepulchres and laugh with sardonic wrath.
Then, reaching up from the festering and varnished facades of your haughtiest moral dogmas, I write thereon in letters of blazing scorn; "Lo and behold, all this is fraud!"

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