segunda-feira, 10 de setembro de 2012

: A House in the Forest :



            Venho lhes trazer a minha visão de nostalgia. O sentir nostálgico sempre foi e será um elemento poderoso dentro do universo pessoal que pulsa dentro de mim. Não há como fugir da própria natureza; "expulse o natural pela porta e ele entrará pela janela" (Os Irmãos Karamázovi, Dostoiévski). Existem certas melodias e sons que remetem perfeitamente a nostalgia de algo, e até daquilo que não é algo, com toques de sutileza que convidam à fantasia e imersão em ambientes atmosféricos recriadores de sensibilidades já perdidas com o transcorrer do tempo. Eis a música nostálgica.
            Neste álbum : A House in the Forest : tento transportar a mente a um ambiente idealmente criado, uma casa antiga repleta de memórias e ares de gerações passadas. Coisas que são familiares aos que habitam essa parte do mundo e cativam ainda parte daquela mística que caminha no sentido oposto ao tempo. Mistérios iluminados pela nostalgia, e antigos objetos radiantes das emoções mais puras que subiam ao etérico ar matinal quando a casa despertava junto da floresta que a cercava. Velho lar que, constituído de madeira, parecia ser parte dos imponentes pinheiros que compõem a paisagem, como se a própria floresta sacrificasse parte sua para erguer esta morada que tanto significado já irradiou à sua volta.
Essa mística de lares antigos fica bem clara em uma letra do conjunto musical sulista de folk "Quintal de Clorofila":
"Existe um mistério no fundo dos quintais; ainda mais nos quintais de casas muito antigas. Deve ser a alma da infância, que ficou presa ali, qual balão cativo, esvoaçante no tempo..." (O Mistério dos Quintais - Quintal de Clorofila, 1983)
            Além de tudo, o ambiente é um refúgio. Como uma construção astral que se visita nos sonhos mais sutis e nostálgicos, trata-se de um ambiente cercado, intransponível àquele que não está em sincronia com sua natureza; o mundo moderno não pode tocá-lo
            Se o que cativa ao homem é a tensão entre aventura e segurança do retorno ao seu lar protegido, em : A House in the Forest : não é diferente. Uma aventura nas próprias memórias adormecidas, uma homenagem aos nossos precedentes, e uma sensação de conforto que pode ser comparada à imagem da casa antiga e aconchegante, no início da noite, com suas luzes quentes, alaranjadas e acolhedoras, em meio a uma paisagem bucólica: uma extensão de horizonte onde a névoa toma conta de suas extremidades.
            Convido ao apreciar desse mundo perdido caso se tenha sentido uma familiaridade com todo o descrito. Espero que seja-lhes possível adentrar nos próprios mistérios que ainda residem nalguma centelha legada lhes pelos seus predecessores.

Minne!

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